O direito à educação para pessoas jovens e adultas na atualidade abrange o débito que a sociedade tem para com estes indivíduos historicamente, pois ao longo do tempo este direito educacional tem lhes sido negado. Ainda na infância, o processo educacional, muitas vezes é algo afastado da realidade dos educandos, o que acaba por incapacitá-los, afastando-os da vida escolar ainda muito cedo. Mais tarde, quando jovens e adultos, conscientes da necessidade dos saberes escolares formais tentam voltar para a escola, há pouca oferta de vagas ou oferta inadequada ao tempo e espaço que vivem, revelando uma distância entre o texto da lei e a prática, que exclui a EJA dos orçamentos públicos e a trata através de programas efêmeros, sem profundidade nem alcance.
O direito, pressuposto em lei, vai de encontro com a falta de engajamento dessa população com a reivindicação deste direito. Como todo direito nasce de uma demanda social, conclui-se que falta esta demanda, não fisicamente, mas em termos de luta de conscientização popular desta necessidade.
Esta dificuldade é ainda aumenta por outros fatores, como a formação profissional docente inadequada para lidar com jovens e adultos, que propõe concepções impróprias ao tempo, com discursos diferenciados das práticas. A falta de um aprendizado significativo para toda vida retira o sentido da prática escolar e afasta esta clientela. Decifrar o código da língua apenas, ou seja, alfabetizar-se, não é suficiente para atingir aos objetivos com a EJA. A produção de conhecimentos pelos alunos e a humanização deve ser a vertente para a escolarização significativa nesse tempo.
Portanto é necessário que haja efetiva demanda social, com a cobrança de todos, para que a lei saia do papel e ganhe relevo através de práticas expressivas.
O trabalho com a EJA pressupõe uma educação continuada, encarada como um processo de longo prazo, onde o aprendizado acontece por toda a vida. Este novo conceito apresenta novos desafios às práticas docentes, com maior relacionamento entre sistemas formais e não formais, necessidade de criatividade e flexibilidade, onde as pessoas consideradas adultas desenvolvam suas habilidades pela sociedade afora e por toda vida, traçando um parâmetro de direito e responsabilidade compartilhada no tocante a educação de jovens e adultos.
Ao estabelecer que o aprendizado acontece por toda a vida, retira-se o caráter efêmero da educação e atribui-se significado a ela. A educação é um processo contínuo e carregado de significações e mudança de significados que ocorrem por toda a vida. O jovem e o adulto encaram a vida e o mundo de uma forma diferente de quando eram crianças, por isso, as concepções educacionais no processo de escolarização deles devem ser coerentes com seu parâmetro de vida.
Ainda que o orçamento público não dê o relevo que a EJA merece, o ideário começa a se modificar, marcando a necessidade de se refletir criticamente sobre um processo que nunca tem fim, o educativo; e sobre a atuação da pessoa adulta na sociedade, mais consciente e ativa, por meio da valorização de seu papel social, que reflete suas atitudes na preservação do planeta, na luta pelos seus direitos e no cumprimento de seus deveres, como cidadãos autônomos.