Os projetos de trabalho fazem parte de
uma concepção pedagógica que pretende ressignificar a prática educativa.
Vincular a aprendizagem a situações reais é algo inovador e transgressor, já
que ressitua a concepção tradicional conteudista da escola. Professor e aluno
se tornam ativos no processo de ensino aprendizagem e dialogam o tempo todo com
os saberes oriundos das descobertas, da construção do conhecimento. As
disciplinas escolares compõe, desta forma, os interesses dos educandos e deixam
de ocupar apenas o currículo para se transformarem em conhecimentos inerentes à
vida do aluno. Como nos esclarece HERNÁNDEZ (2000):
Trabalhar a partir de projetos pressupõe não se
verem meninos e meninas só como alunos, como aprendizes, mas como sujeitos,
levando em conta suas histórias, suas biografias, suas preocupações.
Introduz-se a pesquisa em sala de aula. Os alunos aprendem a pesquisar e a
utilizar esta prática no futuro, autonomamente, em outros momentos de suas
vidas. Enfim, redefine-se o papel dos conteúdos, das disciplinas, da
organização do tempo e do espaço.
À medida que os alunos estabelecem as estratégias
de busca, organização e estudo de diferentes formas de pesquisa, novos
conceitos e habilidades vão sendo apreendidos mediante a construção do
conhecimento de forma individual e/ou coletiva. A cooperação entre educador e
educandos torna todos co-participantes do processo de busca sem que haja
detentores dos saberes, o que torna a educação uma forma mais democrática e
igualitária de acesso ao conhecimento.
As respostas resultam na formação de novos
conceitos e de novas indagações, o que proporciona matéria para novas buscas,
novos projetos resultando numa prática sempre conectada às diferentes
disciplinas para a efetiva compreensão da realidade.
Essa perspectiva enfatiza a
problematização de situações e a busca efetiva de soluções como caminho para
envolver os alunos em um processo rico e dinâmico, no qual vão aprendendo, de
forma não fragmentada, a compreender e a intervir no mundo em que vivem. (MEC,
1998)
A aprendizagem, realmente torna-se mais
significativa e prazerosa. A necessidade de conhecer o mundo em que estamos de
forma significativa nos é ilustrada por MORIN (2003):
No momento em que o planeta tem, cada
vez mais, necessidade de mentes aptas para analisar e resolver na sua
complexidade os seus problemas fundamentais e globais, os sistemas de ensino,
em todos os países, continuam a parcelar e a separar os conhecimentos que
deveriam ser religados, continuam a formar mentes que apenas privilegiam uma
única dimensão dos problemas, ocultando os outros. Assim, a nossa formação
escolar e universitária continua a fazer de nós cegos políticos e impede-nos de
assumir nossa condição terrestre. Daí a urgência vital de se educar para a era
planetária.
Morin nos traz a perspectiva de que nossa era
carece de sujeitos autônomos que necessitam do pensamento complexo. Os projetos
de trabalho, desta maneira, capacitam o indivíduo a buscar as respostas, a ter
indagações pertinentes ao mundo que o cerca.
A finalidade social a que os projetos de trabalho
se prestam justifica sua prática e se torna o motivo pelo qual o educador deve
se aperfeiçoar constantemente na busca pelos meios que levam à prática de
fomentar a equidade e a justiça social.
Bibliografia utilizada:
HERNÁNDEZ, Fernando. Jornal do Brasil,
27/08/2000.
MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO E DO DESPORTO,
Secretaria de Educação a Distância. Diários,
Projetos de Trabalho. Cadernos da TV Escola. PCN na escola.
Brasília, 1998.
MORIN, Edgar. Educar para a Era
Planetária. Lisboa: Instituto Piaget, 2003.