“Temos o direito a ser iguais quando a nossa diferença nos inferioriza; e temos o direito a ser diferentes quando a nossa igualdade nos descaracteriza. Daí a necessidade de uma igualdade que reconheça as diferenças e de uma diferença que não produza, alimente ou reproduza desigualdades".
BOAVENTURA DE SOUZA SANTOS
A presença da intolerância nas relações humanas é frequentemente manipulada pelos interesses da maioria, das elites, daqueles que são considerados eficientes pela sociedade de consumo, que valoriza os padrões de produtividade e quantidade em detrimento da qualidade das características humanas.
Este tema envolve muitas questões como pluralidade de etnias, multiculturalismo, inclusão social, entre outros. Como nos esclarece a Declaração de Salamanca:
"todas as escolas deveriam acomodar todas as crianças independentemente de suas condições físicas, intelectuais, sociais, emocionais, linguísticas ou outras, inclusive crianças deficientes e superdotadas, crianças de rua e que trabalham, crianças de origem remota ou de população nômade, crianças pertencentes a minorias linguísticas, étnicas ou culturais, e crianças de outros grupos marginalizados."
Pensamos, portanto, no papel da escola formal diante deste universo heterogêneo. A escola é foco de discussões acerca de questões que envolvem o respeito às diferenças, porém confrontada por uma sociedade cada vez mais competitiva. É preciso levar em conta as necessidades cada vez mais urgentes dos alunos, de se criar um ambiente favorável para se aprender com prazer, considerando a todos, principalmente, os alunos com deficiência e os que apresentam alguma necessidade educacional especial. O ambiente escolar precisa ser mais envolto de sentido que de pragmatismo.
As necessidades educacionais especiais que qualquer indivíduo pode ter ao longo de sua vida impulsionam a reflexão sobre maneiras diferentes de se avaliar, de ensinar e de adaptar os recursos pedagógicos às necessidades dos alunos. Um olhar individualizado sobre os educandos proporciona uma educação pautada na justiça social, sem privilégios de alguns. Quando encaramos o indivíduo como um ser dotado de particularidades, não alimentamos nem reproduzimos desigualdades. Esse olhar multifacetado leva o educador a atuar de forma dinâmica, planejando e replanejando suas aulas com flexibilidade, levando em consideração as especificidades e as necessidades do grupo que nada tem a ver com incapacidades, mas sim com processos diferenciados de aprendizagem. Neste contexto, as adaptações curriculares fazem toda a diferença no planejamento escolar. É necessário que se molde o conteúdo a ser ensinado às necessidades dos alunos, traçando as propostas de forma diversificada, contemplando o desenvolvimento acadêmico e social de todos os alunos.
Os desafios que o professor lança na construção da aprendizagem pelos alunos são facilitados e alcançados através de atividades lúdicas, vivenciais e significativas. Não há um padrão de aprendizagem, mas um ritmo individual que necessita ser respeitado e estimulado através de recursos ilustrativos, com apelo visual, auditivo, motor, olfativo que motive as percepções sensoriais dos alunos e provoquem a aprendizagem significativa. A acessibilidade do currículo, do espaço, da linguagem é direito do aluno e deve ser assegurada pela gestão escolar e pelos professores através da prática pedagógica diversificada mencionada anteriormente, bem como através da modificação do espaço educativo às necessidades dos alunos e da acessibilidade comunicativa, que facilita a comunicação dos alunos com dificuldades comunicativas, surdos ou não-verbais.
A inclusão de todos os alunos no ambiente escolar implica numa mudança de paradigma conceitual, pois passamos da escola calcada no mérito para a escola inclusiva que visa a participação de todos no processo educativo, provocando uma ressignificação das práticas pedagógicas e das concepções pedagógicas vigentes. Para isso, temos de reeducar nosso olhar e nos conscientizar do papel social que desempenhamos enquanto educadores. Não somente os alunos com deficiência intelectual, transtorno global de desenvolvimento, cegueira ou surdez devem ser incluídos neste processo, mas todos devem ter o direito de participar do processo educativo. E cabe ao educador, engajado nas urgências sociais de uma convivência mais justa, se tornar professor-pesquisador fazendo de sua prática diária um exercício de aprendizados e construções significativas.
Fonte consultada:
Livian, gostei muito deste blog. Você está de parabéns, por ser mais uma educadora / mãe a buscar o equilíbrio, respeito e a auteridade entre as pessoas. É preciso que se respeite as diferenças; que não haja grupos que se inferiorize, nem grupos que sobre ponham sobre os demais, valendo-se das diferenças: étnicas, racial, religiosa,sóciocultural. Legal!
ResponderExcluirSiga enfrente e que Deus te ilumine sempre,bjs.
Obrigada Ronaldo! Seu apoio é muito importante!!! Continue me seguindo...
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